Congresso Brasileiro de Agroecologia reuniu quase 10 mil pessoas no Rio de Janeiro para pensar o futuro de agora.

Entre os dias 20 e 23 de novembro de 2023, ocorreu no Rio de Janeiro o 12˚ Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA). As quase 10 mil pessoas que ocuparam a região central da cidade carregavam consigo projetos, representações, ideias, resistências, sementes, coletivos, cocares, o campo, a terra e a ancestralidade. A região da Lapa – que retratei ao falar de uma “engenharia de urgência” contra a fome para esse Le Monde Diplomatique Brasil, quando nenhum outro mundo novo parecia imediato para o Brasil – foi colorida. Estava vibrante, ocupada e tomada por gente de todos os cantos do país. Os sem teto, sem terra, pequenos agricultores campesinos, representantes do governo, cientistas, indígenas, quilombolas, povos da floresta, o pessoal do Zé Gotinha e tantos outros circularam entre a Fundição Progresso e o Passeio Público – que estava aberto, cheio de gente, de comércio justo e de conversas que pensaram o futuro de agora.
Rota turística para os desavisados que observam do bondinho ou da escadaria, e símbolo do abismo social para quem olha de baixo, lá das ruas, debaixo dos Arcos da Lapa – casa de muitos – e das filas das quentinhas – cozinha de tantos –, a Lapa foi transformada num laboratório de possibilidades sob o sol escaldante da onda de calor que atingiu o país durante o Congresso. Havia algo de deslocado no ar em meio ao circuito urbano que foi construído para ser espelho da metrópole e lembrar o papel da colônia e o lugar dos colonizados. A agitação de milhares de pessoas, indo e vindo com seus símbolos, crachás, bandeiras, alimentos, instrumentos musicais, trajes, colocava as ideias no lugar. Os pássaros de bambu gigantes que flutuavam na Fundição Progresso levavam esse Passeio Público fora de lugar para uma casa conhecida por acolher o samba.
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2023/12/06/agroecologia-na-boca-do-povo-um-outro-brasil-e-agora