
O Brasil é conhecido mundialmente por suas vastas e ricas florestas tropicais, especialmente a Amazônia. Mas o que o mundo e os próprios brasileiros desconhecem é o potencial da nossa outra Amazônia, a Azul.
Com uma área de 5,7 milhões de km² ou dois terços do território continental do país, a “Amazônia Azul” abriga uma alta biodiversidade presente em uma grande variedade de ecossistemas, prestando serviços fundamentais para a prosperidade, a soberania e o bem-estar do povo brasileiro. Contudo, é também um patrimônio em risco. É o que revela o 1º Diagnóstico Brasileiro Marinho-Costeiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, em seu Sumário para Tomadores de Decisão (STD) lançado na última quinta-feira (23) pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e pela Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano.
Escrito por 53 especialistas acadêmicos e governamentais, 12 jovens pesquisadores e 26 representantes de povos indígenas e populações tradicionais, em diálogo com atores do poder público e da sociedade civil, o Diagnóstico tem como objetivo “tirar o Oceano da invisibilidade” e colocá-lo no centro da agenda da sustentabilidade do país, abordando seu histórico e estado atual, vetores de transformação, cenários e oportunidades para conservar e restaurar sua biodiversidade e seus serviços ecossistêmicos. A sua versão completa, organizada em seis capítulos, deve ser publicada em junho de 2024.
Uma das principais mensagens do estudo é que “a prosperidade e a soberania do país e o bem-estar do povo brasileiro dependem direta e indiretamente do Oceano e dos benefícios que ele provê”. Dentre estes benefícios estão a segurança alimentar, hídrica e energética, recursos minerais e biotecnológicos, proteção da linha de costa e regulação climática por meio da produção de parte do oxigênio que respiramos, atenuação do efeito estufa e controle do regime de chuvas que sustenta a produção agrícola nacional.
Durante coletiva de imprensa para a divulgação do STD, Beatrice Padovani Ferreira, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), frisou que a maior qualidade do Diagnóstico é a discussão com a comunidade. “Foram feitas pesquisas e uma reunião coerente de informações para a zona costeira e marinha, abrangendo serviços ecossistêmicos materiais e imateriais. Produzimos novas interpretações do conhecimento já disponível”.